Os atores Yihong Jiang, de Sombras Elétricas (foto), Xuebing Wang, de O Parque, e Yu Hui, de Olá Frank! , vieram ao Festival do Rio e prestigiar a mostra Foco China. Todos se mostraram muito satisfeitos satisfeitos com a homenagem ao cinema de seu país. “Este Festival é muito importante, e é uma grande honra trazer o meu filme para este evento”, disse Yihong Jiang.
Jiang falou também sobre seu filme: “Ele conta a história de gente que tem paixão pelo cinema e mostra o desenvolvimento do cinema da China em várias etapas. O diretor também inseriu cenas de filmes clássicos, ficou bem interessante. Espero que o público brasileiro goste do meu filme! ”Xuebing Wang, protagonista de O Parque, disse que seu filme é muito próximo à realidade do povo chinês.
“O filme conta histórias que acontecem em um parque, e que podem acontecer em qualquer lugar com qualquer chinês”, afirma Wang. No filme, um senhor viúvo tenta encontrar um marido para sua filha, uma repórter independente de TV. Ele descobre que, em um parque próximo, um grupo de pais com preocupações semelhantes montou uma espécie de mercado de noivas e noivos. Wang interpreta um dos candidatos.
Em Olá Frank! , a atriz Yu Hui interpreta uma chinesa que mora nos Estados Unidos e é casada com um americano. Sua mãe, uma senhora viúva, vai visitá-la e conhece um senhor chamado Frank. Os dois se tornam bons amigos e desenvolvem um delicado relacionamento, apesar das dificuldades de comunicação. “O filme mostra o choque entre as culturas oriental e ocidental”, diz Hui. Carolina de Assis
Em 2005, foram produzidos 220 filmes na China. No ano passado, este número passou para 330. Até julho de 2007, a produção nacional chinesa já ultrapassava a marca de 400, sem contar com os 120 produzidos digitalmente. Segundo o diretor chinês Li Yin (foto), que participa do Festival do Rio com o filme O Nó, esses números demonstram a força com que o mercado cinematográfico da China cresce e inunda o Ocidente. “Mas na América Latina e no Brasil, esse contato ainda é pequeno. Por isso a gente veio aqui participar do Foco China”, diz. Li diz que os antigos filmes de kung fu ainda são feitos. “Mas hoje as pessoas têm outra cabeça, outros conceitos, mais opções. Elas querem ver também o sentimento humano”.
De acordo com Li, a explicação para o crescimento estrondoso da produção chinesa está no fortalecimento da própria economia, aliado a um maior interesse da população pelos bens culturais. Atualmente, existem cerca de três mil salas de cinema no país, e esse número não pára de crescer. “Os jovens gostam muito de ir ao cinema, porque as salas são cada vez mais bonitas e modernas”, ressalta o diretor.
Além disso, Li chama atenção para o incentivo do governo à produção audiovisual. “Como forma de fortalecer a economia do país em geral, foram criadas políticas públicas favoráveis”, observa. O diretor comemora também o que considera um ato patriota do povo chinês: há três anos, todos os filmes que figuram entre os dez maiores sucessos de público e renda na China são produções nacionais.
O orçamento com que diretores e produtores chineses contam para produzir seus filmes também cresce, de acordo com o diretor. Para ele, a produção de filmes comerciais aproxima cada vez mais a estética oriental da ocidental. Os filmes de orçamento mais baixo, por sua vez, se prendem mais à tradição antiga. “A cultura não é um só caminho”, observa.
E os filmes de kung fu, que para muitos ainda são a única referência quando se fala em cinema chinês? “Como a produção é muito grande, eles ainda são feitos. Mas hoje as pessoas têm outra cabeça, outros conceitos, mais opções. Elas querem ver também o sentimento humano, explorar outros assuntos”.
Contar a história de um casal que se separa quando um deles parte para a guerra e só se encontra 60 anos depois seria, então, a resposta perfeita para essa nova demanda da população chinesa. A trama de O Nó, filme que está na mostra Foco China, se passa na China e em Taiwan. Mas o diretor garante que a comoção que causa é mundial. “Essa função do cinema, de refletir o sentimento humano, não tem barreiras”, destaca.
Falar de amor é também uma boa maneira de escapar do Comitê de Censura chinês. Li afirma que, se o tema do filme não for muito chocante, o diretor não encontrará problemas para obter a liberação. Ele explica que os produtores do filme precisam enviar um resumo de cerca de mil palavras sobre o roteiro, e não mais o script inteiro, como acontecia até o ano passado. “Antes, o governo controlava os filmes. Hoje, ele apóia. A burocracia está muito mais simples”, afirma. Carolina de Assis e Luiza Bandeira
A maldição da flor dourada, de Zhang Yimou, abriu a mostra Foco China domingo 23, em uma sessão de gala no Cine Palácio, seguida de um jantar na Tenda do Festival do Rio. Com a presença da delegação daquele país, o público conferiu a nova produção dos cineastas chineses. “Este é o primeiro passo na direção de uma cooperação entre Brasil e China”, disse Mu Duanzheng (foto), chefe da delegação.
Na delegação chinesa, além do diretor Li Yin, de O nó, estavam presentes o ator Wang Xuebing (O Parque), as atrizes Jiang Yihong (Sombras Elétricas) e Yu Hui (Olá Frank! ), Fan Jie, do Festival Internacional de Cinema de Shangai, e Mu Duanzheng, diretor-geral do Departamento de Cultura, Rádio, TV e Cinema da Prefeitura de Shangai e chefe da delegação. Ele comentou uma mostra de cinema brasileiro em Shangai e Pequim, em junho passado. “Filmes como Dois Filhos de Francisco, O Caminho das Nuvens e Pelé Eterno ajudaram o povo chinês a conhecer e entender a cultura brasileira”, disse.
Duanzheng destacou a importância da mostra Foco China na aproximação dos dois países. “Esperamos que estes filmes possam fornecer uma plataforma através da qual o povo brasileiro possa conhecer a antiga e rica cultura chinesa Na verdade, a arte pode ultrapassar as nacionalidades”, comentou.
Ele afirmou que este é o primeiro passo na direção de uma cooperação entre Brasil e China, através do encontro de cineastas dos dois países. “É importante procurar uma colaboração que possa trazer resultados favoráveis às duas indústrias cinematográficas”, acredita Após a sessão houve um jantar de gala para 120 convidados na tenda do Festival do Rio, na praia de Copacabana. A atriz e jornalista Marília Gabriela esteve presente, e afirmou que a mostra Foco China é importantíssima. “A China é um mercado extraordinário, e este intercâmbio é mais do que oportuno”, avaliou. Durante o jantar, Duanzheng saudou a criação deste vínculo entre os dois países. “Queremos brindar o povo brasileiro com uma viagem no tempo e no espaço à realidade cultural chinesa. Nossos melhores cumprimentos ao povo brasileiro e grande sucesso para a mostra Foco China. Saúde!” Carolina de AssisFoto de Ique Esteves
Kikuna 